sexta-feira, 16 de julho de 2010


Por muito tempo, achei que a ausência é falta.
E lastimava ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço,
e invento exclamações alegres.
Porque a ausência,
essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

(Carlos Drummond de Andrade)

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